domingo, 31 de julho de 2011

O "melhor" dos Neros (Quo Vadis)

Peter Ustinov
(Ator, diretor e autor britânico)
16-4-1921, Londres

Seu verdadeiro nome é Petrus Alexander von Ustinov, "sir" desde 1990. Este polifacetado artista alcançou grande êxito com papéis em filmes como "Quo Vadis?" (1951), no qual interpreta Nero, e "Morte no Nilo" (1981), onde encarna o detetive Hercules Poirot. Foi agraciado com o Oscar pelo seu desempenho como ator coadjuvante em "Spartacus" (1960) e "Topkapi" (1964). Em 1971, tornou-se embaixador especial do Unicef. Como autor, Ustinov escreveu peças teatrais inspiradas na história contemporânea e salpicadas de elementos excêntricos e grotescos, como "The Love of Four Colonels" (1951), cujo tema central se inscreve no conflito Leste Oeste. Outras de suas obras são "Photo Finish" (1961), "Still at Large" (1981) e "Beethoven's Tenth" (1985). Realizou a versão cinematográfica da sua própria comédia "Romanoff and Juliet" (1957). Também encenou diversas óperas.
Peter Ustinov costumava dizer que a sua descendência tinha origem em países como a Rússia, Suíça, Etiópia, Itália e França, todos exceto a própria Inglaterra. Peter Ustinov tinha bastante orgulho nas suas várias origens: na sua autobiografia, "Dear Me" (1977), disse que fora concebido em St. Petersburg (Rússia), nascera em Londres (Grã-Bretanha) e fora batizado numa aldeia perto de Estugard (Alemanha). Falava fluentemente 6 idiomas -inglês, francês, alemão, italiano, russo e espanhol-, além de compreender o turco e grego, entre outros. Cidadão do mundo, fez da luta contra o preconceito uma das suas batalhas de sempre. 
Ao longo da sua vida, nunca conseguiu estabilizar apenas numa coisa só, pois eram várias as áreas que estimulavam a sua imaginação. Em tudo o que fazia, fazia bem. Para preencher o seu tempo durante as filmagens, escrevia romances. No teatro, viria a interpretar, escrever e dirigir as suas próprias peças em Londres, Nova Iorque, Berlim, Paris e Roma, que tinham como tema recorrente a luta e vitória do mais fraco face ao sistema. Era um competente fotógrafo e também dirigiu óperas. E sua narração em "Pedro e o Lobo", de Tchaikovsky, conquistou um Grammy (1959). 
Em 1949, foi testado para o papel do imperador romano Nero no filme produzido pela MGM, "Quo Vadis". O esquema de pré-produção desenvolvia-se lentamente e, em 1950, a MGM enviou um telegrama ao ator, informando-o que ainda existia interesse em sua participação, mas estavam preocupados por ele ser demasiado novo para o papel. Ustinov respondeu: "Se esperarem muito mais tempo, serei demasiado velho. Nero morreu aos 31 anos". Quando "Quo Vadis" chegou aos cinemas em 1951, realizado pelo veterano Mervyn LeRoy, Peter Ustinov roubou todas as cenas, conquistando a fama e uma nomeação para o Oscar. Entrevistou vários lideres mundiais, recebeu várias distinções internacionais e era considerado um dos melhores imitadores do mundo, arte que apresentou nos palcos da Europa, Estados Unidos e Austrália. 
Ao longo da sua vida, colecionou experiências que depois juntava ao seu repertório de anedotas para livros. Quando fez 60 anos, em 1981, perguntaram-lhe se ele estava tentado a levar a vida com mais calma, ao que ele respondeu: "Sinto-me como se tivesse apenas 59 anos". Casou três vezes e teve quatro filhos. O ator, que vivia há muitos anos às margens do Lago Leman, em Genebra, nunca foi reconhecido pela que é, provavelmente, a sua melhor interpretação nas telas: como o mestre-de-cerimônias abusivo e carinhoso de "Lola Montes", de Max Ophlus (1955). Peter Ustinov faleceu na Suiça, aos 82 anos, em 28 de março de 2004.


2 comentários:

  1. A cena desse Nero tocando harpa enquanto Roma queimava, ainda hoje arde na minha cabeça. E olha que já se foram quase 60 anos.

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  2. Ustinov e David Niven: páreo duro da safra inglesa do cinema mundial. Tem muito mais britãnico na tela, por isso inventaram o Cinemascope.. KKKK!
    Parabéns Netto,

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