sábado, 30 de junho de 2012

GRACE KELLY - Disque M para Matar



Diva eterna do cinema, Grace Kelly viveu o que pode ser definido como um conto de fadas. Atriz bem-sucedida na sétima arte, tendo no currículo trabalhos com o mestre Alfred Hitchcok, ela virou princesa de Mônaco e manteve-se no centro das atenções até sua trágica morte, em 1982, num acidente de carro.

Grace Patricia Kelly nasceu na Filadélfia, nos Estados Unidos, em 12 de novembro de 1929. Depois de alguns trabalhos como modelo, Grace Kelly estreou na Broadway em 1949. Em 1951, aos 22 anos, ela estreou no cinema com Fourteen Hours. 

Demorou pouco para que a jovem se tornasse uma estrela de cinema. Em 1954, um ano depois de brilhar com Clark Gable e Ava Gardner em Mogambo (1953), Grace Kelly ganhou o papel de protagonista no clássico suspense Disque M para Matar, de Alfred Hitchcok. Ainda em 54, novamente sob a direção de Hitchcok, ela deslanchou com outro clássico da telona: Janela Indiscreta. 

A carreira meteórica e cheia de sucesso de Grace Kelly foi interrompida de forma espontânea depois que ela conheceu o príncipe Rainier, em 1955, ao ser convidada pelo governo francês para participar do festival de Cannes. 

O conto de fadas se concretizou com o casamento dos dois. Rainier finalmente encontrou uma mulher, fato que garantiria a manutenção da independência de Mônaco após sua morte - sem herdeiros, o principado voltaria ao comando da França -, e Grace Kelly se casou com um pretendente que agradava aos pais. 


Longe das telas, mas não dos holofotes, Grace teve três filhos com Rainier: Caroline (nascida em 1957), Albert (1958) e Stephanie (1965). 

Apesar da vida de princesa em Mônaco, biógrafos e amigos relatam que a atriz não era muito feliz longe de casa e sentia falta da vida nos Estados Unidos. Ciumento, Rainier determinou que os filmes da mulher fossem banidos do principado. O conto de fadas terminou em 14 de setembro de 1982, quando Grace Kelly morreu em um acidente de carro em Mônaco, aos 52 anos. 



Muitos boatos cercaram a morte trágica da princesa. Uma das teorias sobre o acidente afirma que Grace Kelly foi vítima de uma conspiração armada por tradicionalistas insatisfeitos com o fato de uma estrangeira ser a primeira-dama do principado. 

Heranças


Caroline, a filha mais velha do casal, é considerada a "herdeira legítima" de Grace Kelly, especialmente pela beleza e pela elegância. 

Conhecida por ajudar a patrocinar eventos ligados às artes, a atriz foi homenageada após sua morte com o lançamento da Fundação Princesa Grace, presidida por Caroline. Anualmente, o grupo promove uma concorrida festa em Nova York para celebridades do mundo artístico.

Fontes: Grace Kelly Site - Terra – IMDb

MAIS SOBRE O CONTO DE FADAS DE GRACE KELLY

quarta-feira, 27 de junho de 2012

2001: Uma Odisséia no Espaço (Stanley Kubrick, 1968)



por Amilcar Figueiredo
Desde o início da história, a capacidade de olhar para o céu e indagar seu significado é um dos elementos que mais individualizam a espécie humana dos demais animais que habitam o planeta Terra. Todos nós, mamíferos, aves, invertebrados, bactérias, temos invariavelmente as mesmas necessidades básicas: se alimentar, crescer, transmitir nossos genes, perpetuar a espécie. Mas a curiosidade, a reflexão e o respeito pela imensidão do infinito, que fazem tão bem a qualquer ser senciente, estão indubitavelmente entre nossos mais inspirados atributos.

Furor e poder do homem pré-histórico
Em contraponto, basta olhar ao redor para perceber como o ser humano vem se tornando cada vez mais inadaptado ao meio em que vive. A busca por novos alimentos para o corpo e para o espírito levou, paradoxalmente, à necessidade de uma artificialização progressiva. À medida que o homem invadia novos espaços, precisava cada vez mais de artefatos para subsistir; não bastava conquistar o novo território, era preciso mantê-lo. E isso ele jamais poderia fazer tendo sua própria carne como único veículo.
O que produziu essa aberração que é o ser humano? Por que isso aconteceu apenas conosco nesse planeta, e como? No final da década de 60, Arthur C. Clarke e Stanley kubrick propuseram, sob a forma de sons e imagens em película, uma resposta arrojada para tais perguntas: somos produto de uma intervenção externa. Este é o mote central de 2001: Uma Odisséia no Espaço (2001: A Space Odissey, 1968), um filme no qual o ciclo da vida, da morte e da transcendência que lhes permeia é retratado da pré-história a um futuro que ficou no passado e que, por estas e outras razões, foi imortalizado para sempre em nossas consciências.
Comandante Dave Bowman (Kleir Dullea)

O início de 2001 é inteiramente dominado por um grupo de humanos, anônimos, do tempo em que éramos mais assemelhados aos demais símios do que somos hoje. Os afazeres de então, em sua essência, não mudaram muito ao longo dos séculos: alimentação, vestuário, segurança, conforto. O rompimento das preocupações com as tarefas mundanas e a busca pelo significado da própria existência são proporcionados por um monólito negro, a fagulha da auto-consciência materializada em um objeto de formas e dimensões perfeitas.

Em um sensacional salto no tempo, o osso que havia sido usado como arma há poucos segundos se transforma em uma estação espacial, momento em que é apresentada uma nova humanidade, mais proficiente tecnicamente porém igualmente orgulhosa de si própria e ainda apegada às mesmas atividades mundanas. O monólito precisa agir mais uma vez e é o que ele faz, apresentando-se na Cratera Raiada de Tycho, na Lua. Se antes ele havia sido a faísca do desenvolvimento tecnológico, agora ele desencadeia reflexões de ordem filosófica: Alguém além de nós fez isso. Quem? E por que? Para obter tais respostas a humanidade rompe novas barreiras físicas e vai a Júpiter a bordo da nave Discovery, em uma missão comandada por três seres. Dois deles são humanos, Dave Bowman (Kleir Dullea, excepcional) e Frank Poole (Gary Lockwood). O terceiro é mecânico: o supercomputador HAL 9000. Independentemente de serem compostos de carbono ou de silício, os três têm aspirações, desejos e medos, os quais invariavelmente colidirão em eventos de proporções trágicas.

Diálogo dentro da nave 
Na concepção de 2001, HAL é tão consciente e digno de consideração quanto os demais componentes da tripulação, pois tem memória – o que lhe possibilita criar sentimentos –, curiosidade e desejo de aprender. Um universo de máquinas humanizadas e humanos mecânicos, tecnologicamente dominantes porém amarrados a paradigmas cartesianos, representa uma subversão tão grande dos conceitos da humanidade sobre si própria que não poderia ser apresentado de maneira superficial ou rápida ao espectador. Por esta razão é que Stanley Kubrick optou por uma estrutura narrativa que mais se assemelha a um balé. Seu filme se desenvolve cadenciada e harmoniosamente, associando uma trilha sonora clássica (tendo Assim Falou Zaratustra, de Richard Strauss, como ícone) a imagens de um apuro visual ainda hoje impressionante. Repletos de simbolismos, os poéticos frames de 2001 parecem pinturas dispostas em seqüência, acompanhados de uma música suave e contrastante com a brutalidade das idéias apresentadas.
Super computador HAL de olho e “ouvidos” na tripulação


O clímax do filme é, em todos os aspectos, a seqüência final na qual Dave Bowman, já próximo a Júpiter, parte numa expedição extraveicular com o objetivo de salvar a missão e, em último grau, sua própria sanidade. Dave vivencia o mesmo gênero de transição que os humanos primitivos do início, porém numa escala muito maior; na pré-história, o monólito liberta a mente primeva das amarras de uma programação biológica incompleta (o DNA) para desenvolver a tecnologia; no presente/passado/futuro de 2001, o monólito ajuda uma mente um pouco mais evoluída a libertar-se da própria matéria.
O revolucionário Stanley Kubrick no set de filmagens da Odisseia


Caem as últimas barreiras, as da carne e de suas naturais limitações – o que nos remete ao início desse texto. Desta vez sem artefatos, a consciência livra-se de sua prisão corpórea. Dave Bowman vê a si próprio e a sua história; Dave Bowman envelhece; Dave Bowman morre. Vida longa a Dave Bowman, agora renascido sobre a forma da criança-estrela: ontem um humano, hoje um cidadão do universo. Toda a experiência, retratada sob a forma de uma verdadeira apoteose de sons e imagens, tem diferentes significados para cada pessoa que a vê, mas o sentido final, de libertação e transcendência, é acessível a qualquer um de nós. Assim como foi para Stanley Kubrick, cuja despedida de seu invólucro de carne não deve ter sido menos gloriosa.
Kubrick dirigindo o espetáculo de ficção científica nos estúdios.

DEBATE: Quase tudo sobre este marco da história do Cinema

Dirigido por Stanley Kubrick.
Elenco: Keir Dullea, Gary Lockwood, William Sylvester, Leonard Rossiter, Margaret Tyrack, Robert Beatty, Sean Sullivan, Daniel Richter e Douglas Rain (voz de HAL 9000). 
Roteiro: Stanley Kubrick e Arthur C. Clarke. 
Caricatura: João de Deus Netto/Cinemascope Blog
Produção: Stanley Kubrick. Fonte: Multiplot.wordpress