domingo, 31 de julho de 2011

Quo Vadis


Robert Taylor ou Spangler Arlington Brugh, seu verdadeiro nome, ator de Hollywood nascido em Filley, Nebraska, famoso por sua participação no filme Quo Vadis, em 1951. Após se apaixonar por uma bela cristã e se converter à sua religião, um comandante romano (Robert Taylor) passa a ser perseguido pelo Imperador Nero, que persegue todos os seguidores de Cristo. Dirigido por Mervyn Leroy e com Deborah Kerr e Peter Ustinov também no elenco, a produção recebeu oito indicações ao Oscar. Em 1936, o ator trabalhou ao lado de Greta Garbo no clássico A Dama das Camélias. Marguerite Gauthier (Garbo) é uma cortesã parisiense que se apaixona pelo jovem promissor Armand (Taylor). 
Formado em arte dramática, o jovem violoncelista Spangler ambicionava tornar-se um ator profissional e, para isso, matriculou-se na Escola Dramática Neely Dixon, que preparava atores para Hollywood. Enquanto fazia seu novo curso, conseguiu um teste cinematográfico nos Estúdios de Samuel Goldwyn, que não resultou em nada. Acidentalmente, despertou a atenção de Oliver Tinsdell, um instrutor dramático da MGM. Trabalhou arduamente com ele e, em fevereiro de 1934, foi premiado com um contrato de 7 anos da MGM, começando com US$ 35 por semana, com previsão de aumentos periódicos. Logo surgiu a necessidade de um nome artístico para o novo ator, sendo Robert Taylor sugerido por Ida Kiverman, secretária particular de Louis B. Mayer.
Nos Estúdios, ninguém ignorava as pequenas possibilidades e o limitado talento do novo contratado. Mesmo fotografando excepcionalmente bem, seus primeiros filmes não foram muito animadores. Em 1935, firmou-se como o ídolo das jovens, recebendo um volume de cartas de fãs superior ao do consagrado Clark Gable. Na ocasião, Robert Taylor já ganhava US$ 450 por semana. Nesse ano, ao fazer "Sublime Devoção", ao lado de Irene Dunne, a MGM percebeu finalmente que tinha um novo astro nas mãos. Em 1936, teve oportunidade de atuar ao lado de algumas das maiores estrelas de Hollywood, como Barbara Stanwyck, em "A Mulher do seu Irmão", Joan Crawford, em "Mulher Sublime", culminando com "A Dama das Camélias", ao lado de Greta Garbo. Seu sucesso continuou em alta na década seguinte, com filmes como "A Ponte de Waterloo", ao lado da bela Vivien Leigh.
Fumante inveterado, Bob consumia 3 maços de cigarros por dia, e a isso lhe foi atribuído o câncer que lhe atacou os pulmões. Diagnosticado o terrível mal, teve extirpado o pulmão direito, em outubro de 1968. Abandonou o fumo, deixou de beber e passou a dormir mais cedo. Mas aí já era tarde demais, vindo a falecer no St. John's Hospital, de Santa Monica, aos 57 anos de idade.
Robert Taylor casou-se duas vezes. Seu primeiro casamento foi com a atriz Barbara Stanwyck, em 13/05/1939, de quem se divorciou em 21/02/1951. Em 24/05/1954, casou-se com Ursula Thiess, com quem viveu até sua morte. O casal teve dois filhos, Terrance e Tessa, nascidos respectivamente em 1955 e 1959.

A Um Passo da Eternidade



Deborah Jane Trimmer
30 Set 1921 - Helensburgh - Escócia
16 Out 2007 - Sufolk - Inglaterra


O amor de Deborah Kerr pela obra de Shakespeare, fez com que ela se interessasse pelo teatro e, contando com a ajuda da tia,  uma profissional do rádio, conseguiu estrear no teatro londrino aos 17 anos.
Suas boas atuações chamaram a atenção do produtor Gabriel Pascal, o que a levou a estrear no cinema em 1941, com o filme "Major Barbara", cujo ator principal era o grande Rex Harrison.  Em pouco tempo, tornou-se uma das principais estrelas do cinema britânico, o que a levou, em 1947, a ser contratada pela Metro-Goldwyn-Mayer para contracenar com Clark Gable e Ava Gardner no filme "Mercador de Ilusões", sua primeira experiência hollywoodiana.
A partir daí, Deborah atuou em quase 50 filmes, conseguindo o reconhecimento internacional.  Em 1953, estreou na Broadway com a peça "Chá e Simpatia", a qual três anos depois ela a interpretou no cinema, sob a direção de Vincente Minnelli.  Por seis vezes, Deborah foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz, mas, só em 1994, a Academia a agraciou com um Oscar pelo conjunto de sua obra.
São inesquecíveis suas atuações em filmes como "A Um Passo da Eternidade", famoso pelo beijo que protagonizou com Burt Lancaster na areia da praia, "O Rei e Eu", "O Céu por Testemunha", "Tarde Demais Para Esquecer" e "Vidas Separadas".
Em 1969, decidiu deixar o cinema e morar na Suíça.  No período que se seguiu até 1986, Deborah participou de algumas peças teatrais e de uma meia-dúzia de séries e filmes para a televisão britânica.
Em 28/11/1945, casou-se com Anthony Bartley, de quem se divorciou em 1959 e com quem teve duas filhas, Melanie Jane e Francesca Ann.  Em 23/07/1960, casou-se com o escritor e roteirista Peter Viertel.

O "melhor" dos Neros (Quo Vadis)

Peter Ustinov
(Ator, diretor e autor britânico)
16-4-1921, Londres

Seu verdadeiro nome é Petrus Alexander von Ustinov, "sir" desde 1990. Este polifacetado artista alcançou grande êxito com papéis em filmes como "Quo Vadis?" (1951), no qual interpreta Nero, e "Morte no Nilo" (1981), onde encarna o detetive Hercules Poirot. Foi agraciado com o Oscar pelo seu desempenho como ator coadjuvante em "Spartacus" (1960) e "Topkapi" (1964). Em 1971, tornou-se embaixador especial do Unicef. Como autor, Ustinov escreveu peças teatrais inspiradas na história contemporânea e salpicadas de elementos excêntricos e grotescos, como "The Love of Four Colonels" (1951), cujo tema central se inscreve no conflito Leste Oeste. Outras de suas obras são "Photo Finish" (1961), "Still at Large" (1981) e "Beethoven's Tenth" (1985). Realizou a versão cinematográfica da sua própria comédia "Romanoff and Juliet" (1957). Também encenou diversas óperas.
Peter Ustinov costumava dizer que a sua descendência tinha origem em países como a Rússia, Suíça, Etiópia, Itália e França, todos exceto a própria Inglaterra. Peter Ustinov tinha bastante orgulho nas suas várias origens: na sua autobiografia, "Dear Me" (1977), disse que fora concebido em St. Petersburg (Rússia), nascera em Londres (Grã-Bretanha) e fora batizado numa aldeia perto de Estugard (Alemanha). Falava fluentemente 6 idiomas -inglês, francês, alemão, italiano, russo e espanhol-, além de compreender o turco e grego, entre outros. Cidadão do mundo, fez da luta contra o preconceito uma das suas batalhas de sempre. 
Ao longo da sua vida, nunca conseguiu estabilizar apenas numa coisa só, pois eram várias as áreas que estimulavam a sua imaginação. Em tudo o que fazia, fazia bem. Para preencher o seu tempo durante as filmagens, escrevia romances. No teatro, viria a interpretar, escrever e dirigir as suas próprias peças em Londres, Nova Iorque, Berlim, Paris e Roma, que tinham como tema recorrente a luta e vitória do mais fraco face ao sistema. Era um competente fotógrafo e também dirigiu óperas. E sua narração em "Pedro e o Lobo", de Tchaikovsky, conquistou um Grammy (1959). 
Em 1949, foi testado para o papel do imperador romano Nero no filme produzido pela MGM, "Quo Vadis". O esquema de pré-produção desenvolvia-se lentamente e, em 1950, a MGM enviou um telegrama ao ator, informando-o que ainda existia interesse em sua participação, mas estavam preocupados por ele ser demasiado novo para o papel. Ustinov respondeu: "Se esperarem muito mais tempo, serei demasiado velho. Nero morreu aos 31 anos". Quando "Quo Vadis" chegou aos cinemas em 1951, realizado pelo veterano Mervyn LeRoy, Peter Ustinov roubou todas as cenas, conquistando a fama e uma nomeação para o Oscar. Entrevistou vários lideres mundiais, recebeu várias distinções internacionais e era considerado um dos melhores imitadores do mundo, arte que apresentou nos palcos da Europa, Estados Unidos e Austrália. 
Ao longo da sua vida, colecionou experiências que depois juntava ao seu repertório de anedotas para livros. Quando fez 60 anos, em 1981, perguntaram-lhe se ele estava tentado a levar a vida com mais calma, ao que ele respondeu: "Sinto-me como se tivesse apenas 59 anos". Casou três vezes e teve quatro filhos. O ator, que vivia há muitos anos às margens do Lago Leman, em Genebra, nunca foi reconhecido pela que é, provavelmente, a sua melhor interpretação nas telas: como o mestre-de-cerimônias abusivo e carinhoso de "Lola Montes", de Max Ophlus (1955). Peter Ustinov faleceu na Suiça, aos 82 anos, em 28 de março de 2004.


sexta-feira, 15 de julho de 2011

Depois do Vendaval

Maureen O’Hara
(Atriz  norte-americana)
17-9-1920, Dublin, Irlanda 

Maureen foi a 2ª dos seis filhos de Charles e Marguerita FitzSimons, ele um homem de negócios e desportista em Dublin, ela uma famosa contralto.  Desde criança, demonstrou suas habilidades com jogos atléticos e equitação, bem como, após freqüentar a Abbey School, seus talentos na arte de representar.  Aos 14 anos, foi aceita no famoso Abbey Theater, iniciando uma promissora carreira como atriz e cantora.
Em 1938, aos 18 anos, atuou em dois filmes musicais ingleses, “Kicking the Moon Around” e “My Irish Molly”, ainda usando seu nome de batismo.  Em 1939, ao vê-la em um teste de interpretação, o grande ator e produtor britânico, Charles Laughton, ficou por ela encantado, levando-a para estrelar, ao seu lado, o filme “A Estalagem Maldita”, de Alfred Hitchcock, oportunidade em que ele sugeriu a criação do nome artístico de Maureen O’Hara.  No mesmo ano, ainda sob contrato com a produtora de Laughton, Maureen foi levada à Hollywood para atuar com ele no filme “O Corcunda de Notre-Dame”, da RKO Pictures.  O sucesso obtido fez com que a produtora americana comprasse o contrato que ela mantinha com Laughton.  Assim, aos 19 anos, Maureen já havia trabalhado em duas grandes produções, ao lado de um ator do porte de Laughton, recebendo merecidamente os elogios da crítica especializada.  Além de sua beleza física e da atriz que demonstrara ser, Maureen possuía ainda uma maravilhosa voz de soprano lírica.
Ao contrário da maioria das estrelas de sua época, ela começou por cima e permaneceu lá com suas habilidades e talentos, só ficando melhor e melhor com o passar dos anos.
Ela não só tinha uma voz maravilhosa, soprano lírico, mas usava sua habilidade atlética para realizar proezas físicas que a maioria das atrizes não poderiam nem começar a tentar. Ela era uma atleta natural. Em sua carreira Maureen estrelou com alguns dos mais arrojados astros de Hollywood, homens de renome, incluindo Tyrone Power, Rex Harrison,James Stewart, Henri Fonda, Brian Keith, Sir Alec Guiness e, claro, seu pares famosos com "The Duke", ele mesmo, John Wayne.
Depois de passar por dois casamentos, o primeiro com o produtor britânico, George Brown  (12/06/1939 a 15/09/1941), e o segundo com o cineasta americano, Will Price  (29/12/1941 a 11/08/1953), Maureen encontrou sua merecida felicidade pessoal ao se casar, em 11/03/1968, com o General Charles Blair, um famoso aviador e amigo de muitos anos de sua família.  Em 1973, após atuar em “O Potro Vermelho”, Maureen retirou-se do cinema para trabalhar com o marido em sua empresa de aviação, “Antilles Airboats”, no Caribe.  Após a morte de Blair, num desastre aéreo em 1978, Maureen foi alçada ao cargo de presidente da empresa, tornando-se a primeira mulher a dirigir uma Companhia Aérea nos Estados Unidos.
Entre 1991 e 2000, Maureen ainda aceitou estrelar quatro outros filmes, todos realizados para a televisão.  De sua união com Will Price, Maureen teve uma filha, Bronwyn FitzSimons, nascida em 30/06/1944.
Adicione a isso a distinção de ser eleita uma das cinco mulheres mais bonitas do mundo e você tem uma estrela de cinema que foi tão linda como também talentosa.


 Maureen O'Hara fará 91 anos em agosto próximo (2011).


Cenas do filme "Depois do Vendaval".

Vidas Separadas




David Niven
(Ator e escritor britânico)
1-3-1909, Kirriemuir 
29-7-1983, Château d'Oex, Suíça

David Niven personificou, em seus numerosos filmes, o inglês típico, quer como cavalheiro excêntrico (A Volta ao Mundo em 80 Dias, 1956), quer como malandro com estilo (A Pantera Cor-de-Rosa, 1963, com Peter Sellers), quer, ainda, como oficial (Vidas Separadas, 1958, pelo qual ganhou o Oscar). Era esta, na realidade, a sua profissão até ir para Hollywood, devido a uma questão amorosa, e Samuel Goldwyn o descobrir para o cinema.
Famoso ator escocês de grande sucesso em Hollywood, considerado entre os mais raros talentos do cinema, extremamente elegante, distinguiu-se por seu humor e comportamento britânicos. Conservando ao longo dos anos uma imagem de "bon vivant", homem chic e sofisticado, Niven recebeu o Oscar de melhor ator em 1958 pela atuação em "Vidas Separadas". Com mais de 80 participações no cinema, trabalhou com os maiores astros e estrelas da época, entre eles, Mary Astor, Cesar Romero, Ginger Rogers, Gary Cooper, Olivia De Havilland, Humphrey Bogart, Gregory Peck e Shirley MacLaine. Reconhecido como um dos maiores atores ingleses que o mundo já conheceu. 
  
James David Grahan Niven era filho de um capitão do exército britanico que morreu em plena batalha de Gallípolli. O jovem David iniciou seus estudos a fim de tornar-se um militar no Royal Military College de Sandhurst e alcançou a patente de tenente. Por volta de 1930, ele mudou-se para os Estados Unidos e atuou como figurante em diversos filmes. Aos 25 anos foi descoberto por Samuel Goldwyn e contratado para seu estúdio.
Depois de obter apenas papéis secundários em filmes famosos como "A Carga da Brigada Ligeira", de Michael Curtiz, e "O Prisioneiro de Zenda", de John Cromwell, foi bem recebido pela crítica e pelo público graças a sua atuação em "A Patrulha da Madrugada", filme dirigido em 1938 por Edmund Goulding. Niven conseguiu um papel principal em 1939, atuando ao lado de Ginger Rogers, no filme "Mãe por Acaso". Ainda na década de 30, destacou-se em "A Oitava Mulher de Barba Azul", "O Morro dos Ventos Uivantes" e "Legião Suicida". Nos anos 1960 participou do clássico "Os Canhões de Navarone" (The Guns of Navarone, 1961). Foi cogitado para interpretar James Bond, papel que acabou ficando para Sean Connery. Depois interpretou o agente secreto no filme "Cassino Royale" de 1967, com produtores diferentes dos da série de Connery. Estrelou também o primeiro filme da "A Pantera Cor-de-Rosa", de 1963, interpretando um ladrão sofisticado. 
 
Quando estourou a II Guerra, Niven alistou-se no exército britânico para lutar contra os nazistas e seu assistente era ninguém menos que o colega e professor, Peter Ustinov. Ao término do conflito, Niven foi condecorado e voltou ao cinema, alcançando o estrelato com o filme "A Volta ao Mundo em 80 Dias", interpretando Phileas Fogg, personagem de Julio Verne. Em 1940 Niven casou-se com Primula Susan Rollo cujo matrimônio durou até sua morte em 1946. Aos 28 anos, ela acidentou-se na residência de Clark Gable, onde tragicamente caiu das escadas e faleceu na hora. Viúvo, casou-se anos depois com a modelo sueca Hjordis Tersdemen. David Niven faleceu em seu castelo suíço, vitimado por um câncer, aos 73 anos, em 29 de julho de 1983. Deixou quatro filhos

O Picolino

Ginger Rogers
(Atriz e dançarina americana)
16-07-1911, Missouri - EUA
25-04-1995,
Rancho Mirage, Califórnia. 

Virginia Katherine McMath nasceu em 16 de julho de 1911, em Missouri. Atriz de Hollywood, nascida em Independence, Missouri, destacou-se como a estrela dos musicais produzidos nas décadas de 30 e 40. Com Fred Astaire, formou a dupla de bailarinos mais perfeita da história do cinema, tendo contracenado juntos em doze películas. Tornaram-se para sempre sinônimo de uma elegância que transcendeu os limites de seu ofício. Eles deslizaram, sapatearam e valsaram em filmes como Voando para o Rio, A Alegre Divorciada, O Picolino, Roberta,  Águas da Esquadra, Ritmo Louco, Vamos Dançar, Dance Comigo e A Vida de Vernon & Irene Castle. 
Se nas telas tudo era harmonioso entre Ginger e Fred, atrás das câmeras era bem diferente. Perfeccionista, o ator repetia exaustivamente os ensaios das coreografias, para desespero de sua parceira. Apesar da imagem de cavalheiro galante, não escondia que achava Ginger caipira demais, afirmando que ela era incapaz de executar passos mais complicados. Ele foi rude com a atriz durante as filmagens de O Picolino, depois de uma crise de espirros por causa do vestido de penas de avestruz usado por ela. Uma vestimenta tão célebre que Giulietta Masina usa uma igual em Ginger e Fred, de Fellini. Se Fred não gostava de Ginger, a recíproca também era verdadeira. Ela odiava ser apresentada como a partner de Astaire, algo que acontecia mesmo depois do fim da dupla, em 1949, com Ciúme, Sinal de Amor. Anos mais tarde, ela alfinetou: Eu fazia tudo o que ele fazia, só que de salto alto e para trás.
Em 1937, Ginger vendeu beijos em benefício das vítimas de enchentes nos Estados Unidos. Harold Lloyd pagou 400 dólares por um e Cary Grant foi o comprador de outro. Os beijos da estrela renderam doze mil dólares, uma fortuna para a época. Virginia Katherine McMath ganhou o Oscar de melhor atriz em 1940, por sua atuação em Kitty Foyle, chegando a ter mais de 70 participações no cinema. Nos anos 50, participou da caça aos comunistas nos Estados Unidos, promovida pelo macarthismo. 

No início do filme sonoro, o diretor Mark Sandrich entrou na sala de projeção de um estúdio em Nova York para assistir cenas de um trabalho que fazia para a RKO e também viu trechos de um outro, onde uma jovem cantava e dançava. Quando as luzes se acenderam, Sandrich notou que a garota estava sentada num canto, soluçando. Saí horrível, um perfeito fracasso - disse ela - E eu queria tanto me sair bem nos filmes. Acho que nunca mais! Respondeu-lhe o diretor: Ora, vamos, não estava assim tão terrível. É preciso aprender algo sobre a maquiagem de cinema, no mais estava bem. Guarde minhas palavras, você ainda será uma grande estrela de Hollywood e espero poder dirigi-la! A estrela era Ginger Rogers e Sandrich dirigiu-a em A Alegre Divorciada, em 1934.
Faleceu aos 83 anos, em 1º de maio de 1995



sexta-feira, 8 de julho de 2011

Almas em Suplício...

(clique na caricatura)

Joan Crawford
(Atriz  norte-americana)
23-3-1905, San Antonio, Texas, EUA 
10-5-1977, New York, EUA


Lucille Fay LeSueur - seu verdadeiro nome - teve uma vida difícil. As únicas vantagens que possuía eram o corpo espectacular e uma prodigiosa habilidade sexual. Descobriu desde cedo suas qualidades como dançarina e um talento inato para o strip-teaser, que lhe garantia sobrevivência antes de entrar para o cinema.
Este não era ainda o caminho para o estrelato, mas Lucille provaria ser persistente. Conheceu Nils Granlund quando trabalhava no bar de Henry Richman, um dos amantes de Clara Bow. Para circular com os clientes como Richman exigia que fizesse, ela precisava de uma roupa adequada. Granlund deu-lhe o dinheiro para comprá-la e Joan foi ao seu escritório para mostrá-la. Havia acabado de se despir para pôr o vestido novo quando entrou Marcos Loew, da MGM. Ele gostou muito do que viu e conseguiu um teste para ela. Algum tempo depois informaram a Crawford que a Metro Goldwin Mayer pretendia contratá-la por cinco anos.
Assinou contrato em 1925 e fez sua estreia no cinema em Pretty Ladies, ainda na época do cinema mudo. Lucille aprendeu rapidamente e se integrou muito bem ao sistema do estúdio. Quem quisesse determinado papel devia provar o seu talento para algum dos grandes chefes. Isso não seria problema para ela. Logo estava trabalhando, graças a uma entrevista com o publicitário da MGM, Harry Rapf. Decidiu-se que seu nome não era conveniente para uma estrela. A revista Movie Weekly organizou um concurso para encontrar o nome para a nova promessa das telas. O vencedor foi Joan Crawford, o que ela passou a ser.

Na década de 30, Joan era a atriz mais imitada de Hollywood. As enormes mangas de organdie, cabelos revoltos, chapéus caindo sobre o olho direito, lábios grossos e rubros, pele queimada pelo sol, calças curtas, gardênias, ausência de meias, sandálias, nariz reluzente, unhas berrantes, unhas sem pintura, sobrancelhas ao natural, a estrela foi a criadora da moda de uma época. Em todo o mundo as mulheres copiavam seu modo de andar, seu modo de vestir, de pintar os lábios, o penteado. As heroínas dos filmes de Joan eram femininas, sedutoras, enérgicas e decididas. Uma combinação irresistível que impulsionava suas fãs ao desejo de se pareceram com ela na vida real.


Crawford e Bette Davis, duelo de duas divas no set de filmagem do filme "O Que Terá Acontecido a Baby Jane?", em 1962. 

CONFISSÕES...

"Estive com a Metro (Goldwin Mayer) durante muitos anos e fiz vários filmes de sucesso, quando o estúdio anunciou a produção de “Uma Alma livre”. Queria ser a protagonista, mais do que em qualquer outro filme de minha carreira. Disso isso a Louis B. Mayer. “Joan, você é uma das nossas estrelas mais valiosas, porém, você ainda não tem a experiência necessária como atriz dramática para interpretar esse papel”, ele respondeu. Procurei sair do seu escritório antes que começasse a chorar, mas as lágrimas não esperaram até eu chegar em casa. Senti-me insultada como atriz. Hoje compreendo que foi uma das melhores bofetadas que recebi em minha carreira. Porque o meu trabalho fora, tão profundamente, ferido, que trabalhei, arduamente, em meus filmes subseqüentes. Percebo que, na verdade, não estava apta para o papel que foi dado à Norma Shearer. Mas a bofetada mais severa que senti, por certo, foi quando não fazia um filme havia dois anos, antes de interpretar “Almas em suplício”. Parte do tempo estive sob contrato... esperando. Outra parte passei sentada por minha própria conta, pois, voluntariamente, deixara de receber o salário, para aguardar uma boa história. Durante aqueles dias desanimadores, aprendi o valor da humildade e da gratidão, e a rezar com mais fervor."
Depois de quatro casamentos e divórcios, casou-se em janeiro de 1956 com Alfred Steele, chairman do Board da Pepsi Cola, empresa da qual se tornou executiva após a morte do marido.  Sua última aparição nas telas do cinema ocorreu em 1970, com o filme "Trog".
No final de sua vida, tornou-se reclusa e alcoólatra, morrendo solitária.  Tendo adotado quatro filhos, os dois mais velhos, Christina e Christopher foram excluídos de seu testamento.

Joan esteve em visita ao Brasil em três ocasiões diferentes, vindo a falecer aos 69 anos, em 10 de maio de 1977.


Esta é uma das últimas fotos de Joan (1976), um ano antes de sua morte.

Fontes: Site Legendary Joan Crawford - Memorial da Fama - Revista “O Cruzeiro” 
Caricatura: João de Deus Netto

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Cidadão Kane...


Orson Welles
(Ator e diretor de cinema norte-americano)
6-5-1915, Kenosha, Wisconsin(EUA) 
10-10-1985, Los Angeles (EUA)

Foi uma das figuras mais excêntricas de Hollywood. Genial ator e diretor, Welles era capaz de conjugar direções magistrais com a mais sombria das interpretações, evidenciando as tendências mais lúgubres, malignas e intolerantes do ser humano. A indústria cinematográfica fixou nele a atenção quando, em 1938, realizou uma emissão radiofônica inspirada em A Guerra dos Mundos de H. G. Wells. A interpretação foi tão realista que o pânico alastrou entre os ouvintes, convencidos de que estava ocorrendo um ataque extraterrestre. Com o seu primeiro filme, Cidadão Kane (1941), Welles criou uma das obras-primas da história do cinema. O filme narra o caminho implacável para o sucesso de um empresário da comunicação, personagem baseada provavelmente na figura de William R. Hearst, cujo protagonista foi o próprio Welles. As ambições artísticas de Welles foram limitadas pelos estúdios para os quais trabalhou, obrigando-o a cortar grande quantidade de material de filmagem e levando-o ao colapso financeiro. Os seus filmes mais célebres são Soberba (1942), A Dama de Xangai (1946, juntamente com a sua mulher Rita Hayworth) e O Processo (1962, com Romy Schneider). O ponto culminante da sua carreira foi, sem dúvida, as adaptações que realizou dos dramas de Shakespeare, como Macbeth — Reinado de Sangue (1948), Otelo (1952) e Falstaff (1966), ao que tudo indica, devido à vasta experiência de Welles nos palcos. Como ator, realizou provavelmente sua mais célebre interpretação em O Terceiro Homem (1949), um filme policial de Carol Reed.

Orson Welles narrando uma suposta invasão de marcianos no "A Guerra dos Mundos".

Com o sucesso de Cidadão Kane, vieram os problemas. O diretor foi acusado de basear-se na vida de William Randolph Hearst, um dos mais poderosos homens da época e que por 40 anos foi o maior magnata das comunicações nos Estados Unidos. O próprio Hearst encabeçou a campanha contra Welles e seu filme. Chegou-se a cogitar um valor para que fossem destruídos os negativos e todas as cópias.


Ao retornar, o diretor ficou furioso, mas ainda supervisionou ''Jornada do Pavor'' (1942), e assinou a direção ao lado de Norman Foster. ''Soberba'' foi um fracasso comercial, e Welles e sua equipe foram demitidos.Felizmente isso não ocorreu, mas apesar de o público e a crítica terem aceitado ''Cidadão Kane'', o filme deu prejuízo no início. Somente nos relançamentos, ao transformar-se num clássico, começou a render dinheiro. Em seu segundo filme, ''Soberba'' (1942), Welles decidiu expor sua visão da sociedade americana. Utilizou praticamente os mesmos recursos técnicos que havia em ''Cidadão Kane''. Assim que concluiu as filmagens, veio ao Brasil para rodar no Rio de Janeiro e em Fortaleza (CE), o documentário ''É Tudo Verdade''. Enquanto isso, nos Estados Unidos, os executivos da RKO decidiram editar ''Soberba'', cortando 43 minutos do original.

Primeira página de um dos jornais de Fortaleza,(CE), no ano de 1942.


O reconhecimento da genialidade de Welles só aconteceu muito mais tarde. ''Cidadão Kane'' ganhou o Oscar de melhor roteiro e Welles, em 1970, recebeu um Oscar honorário pelo conjunto da obra. Sua filmografia, como diretor ou ator, inclui: ''A Dama de Shangai'' (1948), ''Macbeth'' (1948), ''Othello'' (1952), ''A Marca da Maldade'' (1958). Não se pode deixar de mencionar também "Verdades e Mentiras", de 1974. Welles em toda a sua carreira envolveu-se em projetos diversos e fez tudo para conseguir produzir seus filmes, o que nem sempre era possível. Muitos de seus projetos permaneceram inacabados, como ''It's All True'', e ''Don Quixote'', filme em que Welles trabalhou durante dez anos e que chegou a ser exibido em Cannes em 1986.



Saiba tudo sobre o documentário "É Tudo Verdade", que o diretor Orson Welles rodou no Rio de Janeiro e no Ceará. Infelizmente não chegou a ser concluído mas as fotos e várias imagens estão AQUI  

Fontes e Fotos: IMDB, Net Saber, Sites sobre o ator. 
Caricatura: João de Deus Netto - Blog CinemaScope