quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Marido de Mulher Boa...

Zé Trindade

Humorista e poeta. Milton da Silva Bittencourt nasceu em Salvador no dia 18 de abril de 1915. Sua infância não foi das melhores. O pai, um boêmio deserdado por abastada família porque casara com uma moça pobre de apenas 13 anos, morreu cedo, vítima de tuberculose. Sozinha, Esther, quase uma menina, passou grandes dificuldades para sustentar o filho. Nessa época o garoto Milton passou fome em Salvador. Foi quando arranjou emprego no melhor hotel da cidade. Começou a trabalhar aos 11 anos de idade como office-boy e ascensorista de um hotel em Salvador. Com 13 anos, já frequentava cabarés e tinha amantes. No hotel, contando piadas, fazendo trovas num grupo em que pontificavam Dorival Caymmi e Jorge Amado, o baiano Milton da Silva Bittencourt acabou ganhando um programa de rádio e tendo de trocar de nome para não chocar os conservadores da família com seu humor.
No Rio de Janeiro atuou nas rádios Clube do Brasil, Mayrink Veiga e Nacional. Durante quinze anos seguidos, a Rádio Mayrink Veiga, celeiro dos grandes nomes do humorismo brasileiro, concedeu-lhe o prêmio de Melhor Cômico. No rádio ele criou bordões como “Com licença da má palavra”, “É lamentável”, “O negócio é experimentar” que eram repetidos nas ruas. Ele inventava expressões que logo passava a fazer parte do vocabulário nacional. Uma delas virou título de um de seus filmes: Mulheres, Cheguei. Ele viveu a fase áurea da Rádio Mayrink Veiga nos programas humorísticos Vai de Valsa, A Cidade se Diverte, Este Norte é de Morte e Alegria de Rua, entre outros, programas com ‘scripts’ de Chico Anísio, Haroldo de Andrade e Antônio Maria. Nos anos 80 ele continuava a gravar quadros para o programa A Impecável Maré Mansa, com que a Rádio Tupi carioca atendia a sua assídua platéia de nordestinos. O comediante Zé Trindade ficou famoso com o bordão “Meu negócio é mulher”, que sempre dizia em tom enfático. Ele criou o homem mulherengo e paquerador, a imagem profissional de bom malandro que a cada filme ia ganhando beijos das mais lindas mulheres do elenco.

Zé fez sucesso nos anos 50 e 60, quando interpretou tipos cômicos e mulherengos em 35 filmes, na maioria produzidos pela Atlântida e pela Herbert Richers. No cinema, sete entre dez chanchadas produzidas por Herbert Richers ou pela Atlântida levavam seu nome no elenco. Na televisão, integrou os elencos da Tupi e da Globo, participando durante oito anos do programa Balança mas Não Cai. Zé Trindade faleceu no Rio de Janeiro no dia 03 maio de 1990, aos 75 anos, vítima de câncer nos pulmões. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo, Rio de Janeiro. 

Um comentário:

  1. Desconhecia o fato, na vida deste magnifico comediante, do mesmo ter trabalhado na Rádio e ter tido um inicio de vida adulta tão precocimente.

    Me soa como novidade, também, sua convivencia ao lado de bahianos ilustres como Caymi e Amado, assim como o mesmo ter ganhado premio como o melhor comediante no Rádio.

    Tudo o que sabia de Zé Trindade era sua passagem pelo cinema e que muitos de seus filmes tiveram historia criadas pelo hico Anisio.
    No entanto, é ótimo ir conhecendo sempre muito além do que eu já conhecia. Nunca é pouco saber sempre um pouco mais.

    Se não assisti a 100% de tudo o que este bom comediante e ator fez no cinema, eu posso afirmar que 80% passaram diante de meus olhos.

    "Com licença da má palavra", Ze Trindade foi um ator muito visto e agradabilissimo. Seus filmes conseguiam fazer os cinemas estremeceram com os risos que suas piadas e comportamento
    produziam.
    As filas para as sessões seguintes, isto quer dia de semana ou fins desta, dobravam ruas e faziam seus fãs se apinharem uns sobre os outros para uma vaguinha onde seus olhos pudessem se deliciar com as travessuras desse bahiano maravilhoso.

    Inegavelmente que suas comédias eram risos certos e lucros seguros para seus produtores.
    Sorri e me delicie com muitas piadas e momentos deste ator no cinema.

    Credito seu melhor trabalho no cinema, apesar de todos os seus filmes serem muito bons e divertidos, ao seu papel em Garotas e Samba, onde ele se mete com Renata Fronzi, que tenta armar para ele, e a fera de sua mulher entra em ação numa briga numa piscina com outra mulher que usava o maiò igual ao que a outra estaria usando.
    Cena super hilária e um daqueles bons momentos do nosso gostoso cinema.

    Nosso Zé teve uma vida boa e muito ativa. Viveu 75 anos e se divertiu quase que durante a vida inteira. Deve ter tido em seus braços as mais lindas mulheres da época e viveu momentos de gloria e encanto.
    Zé Trindade viveu e cruzou a mais linda época da vida neste país, que foi os anos 50.
    Ele foi um homem de sorte, como eu, que tive também o privilégio e honra de passar aquela fase de meu país me deliciando e vivendo de olhos arregalados aqueles ANOS DOURADOS.
    jurandir_lima@bol.com.br

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