sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A Bela da Tarde...

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Passaram-se os anos - as décadas -, mas o tempo continua respeitando a bela da tarde. Catherine Deneuve é uma senhora, mas prescinde das plásticas e do botox para continuar impressionando. Se recorreu ao bisturi, foi com muita parcimônia. A silhueta é que está mais pesada. Ela não é mais a loira delgada que cantava e dançava com a irmã, Françoise Dorléac, em Duas Garotas Românticas (Les Demoiselles de Rochefort), de Jacques Demy. Mas canta no novo Christophe Honoré, Les Bien-Aimés, Os Bem-Amados, que encerrou o último Festival de Cannes.

Cantar diante das câmeras - Não sou do tipo que tenta construir uma carreira de cantora, mas quando as circunstâncias se apresentam e o papel exige, canto com o maior prazer. Christophe (Honoré) diz que sou muito afinada, mas o curioso é que Les Bien-Aimés não nasceu com a proposta de ser um musical.

Transgressão com Diretores - Mas era normal! Surgi com a nouvelle vague. Éramos todos jovens e aqueles diretores, que queriam ser autores, iam contra as regras estabelecidas. Tive a sorte de trabalhar com alguns, em filmes bem-sucedidos. Digamos que, naquela época, eu fui escolhida, mas, depois, quando pude escolher, segui com Don Luis (Buñuel) e agreguei (Marco) Ferreri, (Jean-Paul) Rappeneau, André (Téchiné). Minha carreira foi construída de encontros, não como uma estratégia, mas momentos de felicidade. Tenho muito orgulho do que fiz e continuo fazendo.


O que pensa do casamento - Que não vou lhe falar dos meus casamentos (risos). Mas acho uma bobagem buscar a felicidade como um estado permanente. Seria um tédio terrível. Nós precisamos desses instantes de euforia, de plenitude, justamente para equilibrar os outros. A vida é injusta, cruel. Não se pode passar por ela sem perdas. O importante é o equilíbrio.

Modelo de mulher - Sou produto de uma era de mudanças, para a qual contribuí, mas se alguma vez tive uma modelo foi Louise Brooks a estrela de (G. W.) Pabst. Aquela foi uma mulher adiante de sua época.

Intimida, trabalhar com mitos? - Você teria de perguntar a eles, mas não sou um mito, sou uma mulher. No set, sou uma atriz como as outras e, às vezes, sou até a mais preocupada. Em Les Bien-Aimés represento com minha filha, Chiara. Fazemos mãe e filha. Eu tinha de cuidar para que os gestos e olhares, as palavras fossem da personagem, não meus. Mas é natural que eu trabalhe com jovens. O cinema renova-se, os autores da minha geração estão parando ou desaparecendo. Eles se renovam, eu me renovo como posso. Depois das mães, começo a fazer as avós. O importante é seguir com o prazer que o cinema me dá.

Primeira vez no Brasil? - Não, já estive algumas vezes, mas não o suficiente para ter uma ideia do País. O Rio é um dos lugares mais belos do mundo. Ouço que o Brasil mudou, evoluiu muito. Vocês têm uma presidente. O problema é que essas estadas são curtas. Quase não temos tempo de ver nem conhecer nada. Vou tentar fugir um pouco ao circuito fechado dos compromissos.

La Belle de Jour aos 67 anos - Abril de 2011.

Fonte: Associated Press
Compilado de uma entrevista a um grupo de repórteres antes de uma viagem ao Brasil em Abril deste 2011. 

3 comentários:

  1. Você é um artista, João de Deus!

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  2. Rosane Zamberlan Bellé7 de novembro de 2011 às 10:02

    Ah.....
    Este mulher sempre foi e continua sendo uma mulher belíssima além de uma dama....

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