segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Depois daquele beijo...


Quem é Vanessa Redgrave?

por Rubens Ewald Filho

Simplesmente uma das melhores atrizes, não apenas de sua geração, mas de todos os tempos. Extremamente versátil, destemida em sua carreira e na escolha dos papéis, deixou confundir sua vida particular com a pública, defendendo sempre as causas das minorias e menos favorecidos. Para o melhor crítico americano Roger Ebert, Vanessa é o “ponto alto absoluto da perfeição física e mental".

Nascida em 30 de janeiro de 1937, em Greenwich, Londres, era lógico que seguisse a carreira da família. Mesmo sendo muito alta (o IMDb dá sua altura como 1,80, mas nas vezes que a encontrei me pareceu menos).

Fez muito teatro e muito Shakespeare estreando no cinema num filme menor do pai, Por Detrás da Máscara, ainda em papel pequeno. O cinema só a descobriria não pelas mãos do marido, mas do italiano Antonioni para seu Blow Up (Depois daquele Beijo, de 66), quando me lembro de tê-la comparado com Greta Garbo, o máximo de elogio que se podia pensar! Realmente ela tinha um ar misterioso, já maduro (estava por volta dos trinta anos) que a lançou mundialmente (também ajudou aparecer na comédia Morgan, que lhe deu um primeiro premio de atriz em Cannes e uma indicação ao Oscar).

O filme não é nenhuma maravilha, mas na época ficaram todos fascinados com ela inclusive a Warner que logo a convidaria para estrelar o último mega musical do estúdio Camelot, última produção também de Jack Warner. Com o tratamento de Hollywood aí sim estava linda e exuberante, cantando com sua própria voz. Foi nas filmagens que conheceu o ator italiano Franco Nero (o Django), com quem teria um filho sem casamento (eles só se casariam legitimamente há pouco tempo, quando se reencontraram na velhice). Enquanto isso o marido Richardson, famoso e premiado com o Oscar depois de As Aventuras de Tom Jones (dizem que ela fez figuração na cena do enforcamento, mas nunca consegui comprovar) teve um caso com Jeanne Moreau (esta foi apontada como a causa do divorcio), com quem fez dois filmes. Mas bem britânicos, todos ficaram amigos e Richardson eventualmente assumiria sua bissexualidade e morreria de Aids.

Já veio ao Brasil apresentar uma Cleópatra também discutível e tive a chance de entrevistá-la longamente para a TV.
Claro que é uma dama, discreta (não é panfletaria ou discursiva como se podia pensar), mas ninguém mergulha nos abismos da alma humana em vão. Ela estava promovendo o filme de que gostava muito, A Month by the Lake, mas tinha dificuldade de se concentrar, implicando com a assessora de imprensa (que queria que saísse de seu raio de visão).

É impressionante também como Vanessa filmou em todas as partes do mundo, da Rússia a Argentina, em geral em obras como alguma mensagem social ou política, em defesa de alguma causa. Foi indicada ao Oscar por Morgan, Isadora, Mary Stuart, Julia (onde levou), Bostonians eHoward End. Ganhou dois Emmys (Amarga Sinfonia e Desejo Proibido, duas interpretações magníficas, a primeira como a prisioneira judia que toca na orquestra do campo de concentração. Mas seu melhor trabalho de toda a carreira deve ser outro onde foi apenas indicada ao Emmy,Second Serve/Jogo Perigoso, em 86, onde faz a história real de uma campeã de tênis, transexual. O desafio foi então fazer um homem (ela mesmo) que se transforma em mulher (portanto masculinizada). E conseguiu. É um trabalho incrível que vocês um dia precisam assistir.

Homenagem do OSCAR

A Academia insiste em fazer sua festa separada para os prêmios especiais chamados de Governor´s Award, mesmo quando eles não tem grande repercussão de imprensa, não são exibidos ao vivo pela televisão (e só mostrados depois editados e muitos curtos na Festa do Oscar em fevereiro). Este ano os vencedores são o ator James Earl Jones, Oprah Winphrey (por seu trabalho de caridade) e o maquiador Dick Smith, mas a novidade é que fizeram também uma homenagem especial a Vanessa Redgrave (espero que não seja porque ela esteja doente ou algo assim).


Vanessa não ganhou estatueta, apenas foi homenageada com a presença de outros astros famosos, não por acaso amigos da família, Meryl Streep e Ralph Fiennes, na cerimônia que não é transmitida pela televisão (provavelmente trechos serão mostrados apenas na festa do Oscar em fevereiro).
De qualquer forma, é um reconhecimento importante a uma excelente atriz e ativista política sempre engajada em causas de esquerda. Além disso, é a descendente de uma importante dinastia de famosos atores do palco britânico, os Redgrave. Os avós e bisavós já eram gente de teatro, mas o pai se tornou Sir Michael Redgrave (1908-85), ilustre ator shakespereano, e a mãe também foi, a atriz Rachel Kempson (1910-2003).

Rubens Ewald Filho é jornalista crítico de Cinema do  Site R7 da Record
Caricatura: João de Deus Netto - Blog CinemaScope

Um comentário:

  1. Rosane Zamberlan Bellé22 de novembro de 2011 às 04:07

    Vanessa é demais....
    Assisti a muitos filmes dela.....mas qdo ela fez isadora duncan...se superou.
    Boa semana....

    Rosane Zamberlan Bellé
    Professora Tutora a Distância
    Tecnologia em Gestão de RH
    Anhanguera - Uniderp Campo Grande/MS

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